O Preço do Dinheiro: Entendendo a Taxa Selic

O Preço do Dinheiro: Entendendo a Taxa Selic

Quando falamos em ‘o preço do dinheiro’, estamos nos referindo à forma como o custo de emprestar ou investir recursos afeta toda a sociedade.

No Brasil, esse indicador vital recebe o nome de Selic.

O que é a taxa Selic

A taxa básica de juros da economia brasileira é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Originada em 1979 com o sistema de liquidação e custódia de títulos federais, a Selic serve de termômetro para toda a dinâmica financeira do país.

Como a Selic é definida

O Copom se reúne aproximadamente a cada 45 dias para revisar os principais indicadores econômicos, especialmente a inflação. A meta definida em cada encontro é expressa em percentual ao ano e orienta as operações de mercado entre os bancos.

  • Reuniões do Copom: oito datas em 2025.
  • Análise de indicadores: inflação, câmbio, atividade econômica.
  • Meta de juros: valor fixado para orientar o mercado.

Histórico recente da Selic

Em 2025, a Selic alcançou 15,00% ao ano, o maior patamar dos últimos 20 anos. Durante o primeiro semestre, oscilou entre 14,25% (abril) e 15% (julho), sinalizando uma política fortemente contracionista para conter a alta generalizada de preços.

Função macroeconômica da Selic

Como instrumento de política monetária, a Selic tem dois objetivos principais:

  • Conter a inflação quando os preços sobem de forma acelerada.
  • Estimular a economia reduzindo o custo do crédito em períodos de desaquecimento.

Ao aumentar a taxa, o Banco Central encarece o crédito e reduz o consumo. Quando abaixa, facilita empréstimos, injetando liquidez no sistema.

Impactos diretos na economia

A Selic é a principal referência para investimentos de renda fixa e baliza todas as operações de crédito no país. Os efeitos mais visíveis ocorrem em:

  • Crédito e consumo: empréstimos e financiamentos ficam mais caros com Selic alta, freando a demanda.
  • Empresas: custos de capital de giro e expansão aumentam, afetando setores como varejo e construção.
  • Investidores: aplicações conservadoras em renda fixa tornam-se mais atrativas.

Impacto setorial e distribuição dos efeitos

Os efeitos da Selic não atingem todos os setores de forma igual. Segmentos sensíveis à renda disponível, como vestuário e artigos de residência, sofrem mais com juros elevados. Em contraste, áreas reguladas ou de contratos de longo prazo — como saúde, habitação e comunicação — apresentam menor variação diante de mudanças na taxa.

Segundo estudo da USP, um aumento da Selic reduz a inflação em média em apenas 0,02 ponto percentual ao longo de 24 meses, com impactos desiguais entre os grupos de bens e serviços.

Transmissão e defasagem temporal

Os efeitos defasados no tempo são um desafio para a formulação de política monetária. Alterações na Selic podem levar de seis a dezoito meses para se refletirem por completo na atividade econômica real. Por isso, decisões do Copom buscam antecipar cenários futuros, não apenas a situação atual.

Selic e crescimento econômico

Em 2025, a política monetária rígida influenciou negativamente as projeções de crescimento. O PIB brasileiro deve fechar o ano com um avanço de 2,3%, o menor dos últimos cinco anos. A indústria, por sua vez, desacelerou de 3,3% em 2024 para uma expectativa de 2% em 2025.

Selic como referência para investimentos

Para investidores conservadores, uma economia brasileira com Selic elevada oferece rendimentos atrativos em títulos públicos, CDBs, LCIs e LCAs. Já a renda variável pode sofrer queda de atratividade diante da maior segurança e rentabilidade da renda fixa.

Projeções e agenda do Copom

Em 2025, as reuniões do Comitê ocorreram em janeiro, março, maio, junho, julho, setembro, novembro e dezembro. A perspectiva do mercado para os próximos encontros inclui possíveis ajustes finos, conforme evolução da inflação e indicadores de atividade.

Conclusão

Entender a Selic é fundamental para cidadãos, empresários e investidores. A manter a inflação dentro da meta e promover estabilidade econômica dependem diretamente das decisões do Copom.

O conhecimento sobre como a Selic impacta os custos de crédito, o consumo e os investimentos permite uma tomada de decisão mais consciente e estratégica, seja para planejar gastos pessoais, expandir um negócio ou proteger a carteira de aplicações.

No fim das contas, o preço do dinheiro é um reflexo das escolhas de política monetária e de como a sociedade lida com o equilíbrio entre crescimento e controle de preços. Todos ganham ao compreender esse mecanismo central da economia brasileira.

Yago Dias

Sobre o Autor: Yago Dias

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